Quero comemorar a República cujos expoentes máximos eram idealistas e morreram pobres , recordar os homens honrados que separaram a Igreja do Estado, que herdaram um povo com 75% de analfabetos e quiseram fazer da instrução pública a pedra angular de um país, que se empenharam em alterar um sítio de vassalos servis, pobres e beatos, para fazerem uma pátria de cidadãos.Quero recordar os legisladores que instituíram o divórcio, o registo civil obrigatório e que acabaram com os títulos nobiliárquicos. Quero honrar os que decretaram o direito à greve, estabeleceram um dia de descanso semanal obrigatório, as 8 horas de trabalho e o seguro social contra desastres no trabalho.
Quero festejar a República, recordando os capitães de Abril, que restituíram ao povo a liberdade confiscada pela ditadura fascista. Quero comemorar a queda da monarquia e o fim do poder vitalício e hereditário, para celebrar os avanços da história e o futuro, sem os pesadelos do presente.
Quero celebrar uma República onde finalmente não subsistam desigualdades de género e a democracia não se deixe capturar por corporações profissionais e oligarquias, uma república cujo poder resulte do sufrágio livre e esclarecido, sem caciques nem truques.
Quero esquecer o pesadelo dos dias que correm e ressarcir-me no exemplo honrado dos que legaram uma bandeira, um hino, o exemplo e a ética republicana.

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